Extraído/resumido/adaptado de “Estudos no Sermão do Monte” – Martyn Lloyde-Jones – Ed. Fiel / Outras fontes: A Felicidade Segundo Jesus (Russel Shedd); Últimas Palavras de Grandes Homens (Alexander Seibel – Site chamada.com.br)
ser humilde de espírito é reconhecer que diante de Deus nada somos, é reconhecer, como disse Dietrich Bonhoefer, a nossa falência espiritual, é reconhecer o quão nulo nós somos diante de Deus, o quão pobres, o quão miseráveis somos, reconhecer a nossa inteira dependência da misericórdia e da graça de Deus. Não há nada em nós, e nem temos nada, absolutamente nada, nenhum de nós, que possamos oferecer a Deus para nos fazer merecer um mínimo sequer de Sua atenção, quanto mais as insondáveis bênçãos com as quais Ele nos abençoa – Tudo o que Deus nos dá, tudo o que Ele faz por nós e até tudo o que Ele recebe de nós, é inteiramente por causa de Sua graça, Seu amor Sua misericórdia. Reconhecer e sentir isso sinceramente é que é ser humilde de espírito
VÓS SOIS... PARA...
“Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina; e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados. Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe. 2:6-9 RC)
Diz-nos uma história que dentro de um antigo baú empoeirado se encontrava, entre algumas bugigangas, uma pequena moeda. Estava escurecida e desgastada pelo tempo e tudo indicava que havia sido muito manuseada. Contudo, nada era sabido sobre o seu valor e há muito já fora esquecida. Um dia, porém, o baú foi aberto e, após ser vasculhado, ela foi encontrada. O homem que a descobriu levou-a primeiramente a um economista para que fosse examinada. Este, ao ver a moeda, negligenciou-a. Afirmou a sua antigüidade, mas desprezou o seu valor.
Não conformado com a avaliação feita, o dono da moeda se dirigiu a um conhecido especialista em raridades. Ao apresentá-la, pôde perceber de imediato, nas feições do homem, certo ar de interesse e curiosidade. Da moeda foi retirada toda a escória e o seu brilho ressurgiu. Após uma detida análise, o especialista voltou-se para ele e declarou ser ele possuidor de uma peça de imenso valor, uma rara moeda de ouro, na verdade, um exemplar único.
Outra história diz de um rei que tinha tudo, menos felicidade. Além desta, nada mais lhe faltava. Seu país estava em paz. E, no entanto, ele não era feliz. Quando todas as possíveis medidas falharam, seus amigos resolveram experimentar o conselho de um sábio. Este sugeriu que o rei usasse uma camisa do homem mais feliz do reino. Pouco tempo depois, o homem foi encontrado. Contudo, o problema permaneceu sem solução, pois o homem não possuía uma camisa sequer. Um tinha “tudo”, mas não felicidade; o outro nada tinha, nem uma camisa, mas o tesouro precioso que é a felicidade não lhe faltava.
No nosso texto inicial, 1 Pedro 2.6-9, vemos que somos possuidores de uma grande riqueza. Existem pessoas desobedientes, para as quais Jesus se constitui em uma Pedra de tropeço, mas nós somos:
· Geração eleita (ou raça eleita) – Somos um grupo de pessoas que têm uma vida em comum, em Cristo, e somos um grupo de pessoas que têm uma descendência comum – todos nascemos de novo em Cristo, e esse novo nascimento em Cristo fez de todos nós filhos de Deus;
· Sacerdócio real – fazemos parte de um reino em que cada cidadão serve como sacerdote...;
· Nação santa – somos um grupo de pessoas a quem Deus, em Cristo, purificou e está purificando e a quem Deus, em Cristo, separou e está separando;
· Povo adquirido (ou povo de propriedade exclusiva de Deus) – Fomos remidos por Deus, em Cristo, e, portanto, pertencemos a Deus. Isso significa que Deus nos levará para um “bom lugar”, mas significa também que não podemos agir como melhor nos pareça... Nosso ser é, agora, como disse alguém, “localidade da glória de Deus”;
· Pessoas a quem Deus chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.
Qual a razão de Deus nos ter nos tornado nesse povo, nessas pessoa? A razão está no próprio texto, na parte que diz:
“... para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou...”.
Disse alguém, acertadamente, que “Um privilégio envolve responsabilidades: o povo de Deus deve tomar a peito a sua tarefa..., a saber, a declaração das excelências (dos feitos admiráveis, das grandezas) de Deus, que os chamou das trevas do paganismo para a maravilhosa luz da salvação. Isso pode ser comparado com as palavras de Jesus: ‘Vós sois a luz do mundo... Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens...”.
O texto não fala sobre um grupo especial de crentes. Fala sobre todos os crentes, e, portanto todos os crentes são responsáveis por anunciar os feitos admiráveis de Deus, especialmente a salvação que Ele proveu em Cristo. Sem importar qual o grau de conhecimento, de intelectualidade que possuímos, temos que anunciar “enquanto vamos”, segundo Deus nos concede... É Deus quem dá o crescimento, mas nós somos responsáveis por lançar a semente. Não temos o poder de converter ninguém, mas é nossa responsabilidade anunciar... especialmente pelo testemunho de uma vida santa, dedicada a Deus...
Repetindo e finalizando:
Vós sois:
· Geração eleita (ou raça eleita)
· Sacerdócio real
· Nação santa
· Povo adquirido (ou povo de propriedade exclusiva de Deus)
· Pessoas a quem Deus chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz
Para que:
· Anuncieis as virtudes, as excelências, os feitos admiráveis, as grandezas de Deus.
No Senhor,
Pr. Walmir Vigo Gonçalves
II PEDRO
Parte 4/4
Pr. Walmir Vigo Gonçalves
www.prwalmir.blogspot.com.br
prwalmir@hotmail.com
Observação:
O fato de eu citar vários autores não significa que eu considere corretos todos os seus escritos e nem que eu os esteja recomendando.
QUE PESSOAS NOS CONVÉM SER?
(3:1-18)
1. Depois de abordar sobre o verdadeiro conhecimento em contraste com o falso, e sobre os falsos mestres, Pedro passa a abordar sobre a “Parousia” (a Segunda vinda de Cristo) e sobre como devemos nos comportar diante desse fato.
2. Dessa maneira, Pedro está novamente falando contra os hereges gnósticos, apontando um de seus erros doutrinários centrais: a negação da Segunda vinda de Cristo, e, também, encorajando os seus leitores cristãos, despertando-lhes o ânimo sincero. Vamos dividir este capítulo em três partes também, a exemplo do capítulo anterior.
I. A Negação de Sua Vinda.
3:1-4
1. Nos quatro primeiros versículos deste capítulo, Pedro fala sobre as pessoas que negavam a vinda de Cristo.
2. No v. 4 ele expõe o argumento utilizado pelos hereges de sua época para defenderem sua tese. Eles usavam o argumento de que ano se sucedia a ano e nada de novo acontecia, desde a antiguidade, e, se assim era, por que essas coisas extraordinárias apregoadas pelos cristãos, como a segunda vinda de Cristo, da maneira como ela é apresentada, haveriam de acontecer?
3. Pedro diz que estes homens, que assim pensavam e apregoavam, não eram mais que escarnecedores que andavam segundo suas próprias concupiscências.
4. Hoje também existem muitos que negam a Segunda vinda de Cristo e tudo o mais relacionado a ela. Tomemos cuidado também, para não perdermos de vista a esperança da volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
II. A Certeza de Sua Vinda.
3:5-10
1. Pedro passa a mostrar algumas coisas que aqueles hereges estavam ignorando:
a. Deus, pela Sua Palavra trouxe à existência, desde a antiguidade, os céus e a Terra. A Terra foi tirada da água e no meio da água subsiste, diz o v. 5. Há alguma considerações que já foram feitas por homens estudiosos sobre este versículo, mas, para nós, interessa aqui a demonstração do poder de Deus (Leia Gênesis 1). Aqueles escarnecedores estavam ignorando o poder que Deus tem de levar a cabo todos os seus projetos.
b. Eles ignoravam também o fato de Deus ter anunciado e ter destruído o mundo antigo, pelas águas do dilúvio.
2. Isso, e outras coisas mais, eles ignoravam voluntariamente, deliberadamente, porque eles bem sabiam sobre estas coisas.
3. Após falar sobre a destruição do mundo antigo pelo dilúvio, Pedro diz que haverá outra destruição, de uma maneira diferente: pelo fogo. “A mesma Palavra que criou a criação original e a levou à destruição no dilúvio e estabeleceu uma nova ordem de coisas após o dilúvio, levará essa nova ordem a juízo, bem como os homens ímpios”.[1]
4. Alguns tinham, e têm, essas promessas como tardias. Mas elas não são tardias; elas ainda não se cumpriram porque estamos sob a longanimidade de Deus, e, ademais, para Deus um dia é como mil anos, e mil anos como um dia, isto é, para Deus não existe “tempo”, o tempo é “relativo”.
5. “Mas o dia do Senhor virá”, diz Pedro. E virá da mesma maneira como vem o ladrão de noite, ou seja, inesperadamente, repentinamente. E então, “os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a Terra e as obras que nela há, se queimarão”.
6. A vinda de Jesus, com tudo o que a acompanha, é certa, creiam os homens, ou não.
III. Vivendo Para a Sua Vinda.
3:11-18
1. Pedro passa agora a fazer uma aplicação ética da doutrina da Segunda vinda de Cristo.
2. Nos vs. 11 e 12 temos uma boa pergunta: Que pessoas nos convém ser?
3. Antes de dar a resposta, Pedro faz uma observação: “Mas nós, segundo a Sua promessa, aguardamos novos céus e nova Terra em que habita a justiça”, e depois responde:
a. Devemos procurar que dele sejamos achados imaculados, irrepreensíveis e em paz – Com isso, Pedro conclama seus leitores a agirem de modo diferente dos gnósticos. O crente não pode caracterizar-se por uma vida maculada moralmente, e nem se tornar repreensível, isto é, dar razão para condenações justas. E deve também procurar viver em paz (quando e o quanto estiver nele).
b. Devemos nos lembrar que fomos alcançados pela longanimidade do Senhor, e por isso somos salvo – Pode estar em foco aqui, também, a exortação a que sejamos diligentes na evangelização, considerando o tempo de espera como uma oportunidade para que outros sejam salvos. Paulo também ensinava assim.
c. Devemos nos cuidar contra o engano de homens abomináveis, para não cairmos de nossa firmeza.
d. Devemos crescer na graça e conhecimento de Nosso senhor e Salvador Jesus Cristo.
4. Que pessoas nós devemos ser? Pessoas espirituais, cuja pátria está nos céus, e que hajam de conformidade com esse fato.
5. Pedro termina, então, essa carta, com uma doxologia: “A Ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade”.
6. Até nessa doxologia, no final da carta, Pedro mostra a transcendência de Deus sobre tudo, inclusive o tempo. Ele fala de DIA da eternidade, ou dia eterno. Agostinho assim se expressou: “Trata-se de um dia, mas de um dia eterno, sem ontem que o anteceda, e sem amanhã que o siga; não será produzido pelo sol natural, que então não mais existirá, e, sim, por Cristo, o Sol da Justiça”[2]
7. A esse Deus transcendente devemos dar glória através de nossos louvores, e, mui especialmente, através de nossa vida.
CONCLUSÃO.
1. Para concluir esse estudo, quero apenas relembrar algumas coisas que estudamos:
a. Essa carta de Pedro foi escrita para combater heresias que proliferavam na época, propagadas pelos gnósticos.
b. Pedro se identificou como douloz (doulos = servo, ou, literalmente, escravo), alguém que não tem vontade própria independente da vontade de seu senhor.
c. Pedro também se identificou como Apóstolo, o que mostra a autoridade de suas palavras.
d. Os destinatários eram todos que haviam alcançado fé igualmente preciosa.
e. Pedro destaca, no capítulo 1, o verdadeiro conhecimento. Em contraste com o ensinamento dos gnósticos, Pedro diz que o verdadeiro conhecimento gera transformação. Leia o v. 4. Esse v. fala sobre o sermos participantes da natureza divina. Leia também estes outros textos: Romanos 8:29; II Coríntios 3:18; Efésios 3:14 e 19b. Se, de alguma maneira, Deus nos torna participantes de Sua natureza, temos que agir segundo essa natureza. Agora leia os vs. 5-9.
f. No capítulo 2, Pedro fala sobre os falsos mestres. Estes, sempre existiram, e sempre existirão; sempre foram e sempre serão seguidos por muitos; e, também, estes já têm a sua perdição decretada por Deus. Os falsos mestres se ocupam de introduzir, sutilmente, heresias de perdição, de negar o Senhor Jesus Cristo, e outras coisa mais. Em 2:10-19, Pedro faz uma descrição deles. Eram, e são, verdadeiras pragas, os falsos mestres.
g. No capítulo 3, Pedro fala sobre a Segunda vinda de Cristo. Os hereges negavam isso com argumentos absurdos, mas Pedro mostra que a vinda do Senhor é certa, e, por isso, nós que esperamos essa vinda, temos que procura viver uma vida imaculada, irrepreensível e em paz. Temos que nos guardar contra esses homens abomináveis, e procurar crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (Leia todo o capítulo 3).
2. Amados irmãos, terminamos aqui o nosso estudo sobre essa carta que tem preciosas lições e preciosos alertas para nós. Espero que todos tenhamos aproveitado bastante desses estudos. Que Deus vos abençoe a todos!
[1] CHAMPLIN, R. N. – “O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo” – Vol. 6: Tiago- Apocalipse. 10ª reimpressão, São Paulo, Editora Candeia, 1998. Comentário extraído
da p. 207.
[2] AGOSTINHO, citado por R. N. Champlin, em “O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo” – Vol. 6: Tiago-Apocalipse. 10ª reimpressão. São Paulo, Editora Candeia,
1998. Comentário extraído da p. 214.