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sábado, 2 de março de 2013

Estudos no Sermão do Monte / parte 17 - A Mortificação do Pecado


A MORTIFICAÇÃO DO PECADO

 

Baseado em “A Mortificação do Pecado”

Capítulo XXII de “Estudos no Sermão do Monte”

Martyn Lloyd-Jones – Editora Fiel

 

“Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.” (Mateus 5:29-30 RC)

 

01. Que palavras fortes, não?

02. Elas deveriam nos levar a pensar com mais seriedade sobre a gravidade do pecado.

03. O quão a sério eu (nós) tenho (temos) levado o pecado?

04. O pecado é algo de gravidade extrema e eu (nós) não deveria (deveríamos) brincar com ele.

05. Deixando de lado qualquer outra razão para Jesus assim se pronunciar, devemos entender que Jesus estava ensinando, ao mesmo tempo:

a.    A real e horrenda natureza do pecado;

b.    O terrível perigo no qual o pecado nos envolve e

c.    A importância de tratarmos o pecado de forma radical, desvencilhando-nos dele de forma definitiva.

06. Por mais valioso que seja algo para uma pessoa, se esse algo lhe chegar a servir de armadilha, levando essa pessoa a tropeçar, então essa pessoa deve desfazer-se desse algo.

07. Obviamente não vamos arrancar um olho ou qualquer outra parte de nosso corpo literalmente; mas há coisas das quais podemos e devemos literalmente nos desfazer.

08. Nunca deveríamos relaxar e tratar com pouca seriedade o problema de nosso pecado pessoal. Por isso há algumas coisas que faremos bem em observar e entender:

 

I. Devemos perceber tanto a natureza do pecado quanto as suas consequências.

 

01. É muito fácil desenvolvermos uma visão míope acerca da gravidade do pecado, tornando-o infinitamente menos grave do que ele realmente é.

02. Essa visão míope da gravidade do pecado é um dos fatores, talvez o principal, que nos tem impedido de viver uma vida mais santificada.

03. Precisamos, então, de “óculos espirituais”. E esses óculos nos ajudarão a enxergar pelo menos três fatos que dizem respeito à natureza e consequências do pecado:

a.    Primeiro fato: O pecado não se resume a “atos pecaminosos”. Em outras palavras, “não somos pecadores porque cometemos atos pecaminosos, e sim, cometemos atos pecaminosos porque somos pecadores”. E isso quer dizer que você pode não estar cometendo nenhum ato pecaminoso no momento, e isso já ser assim com você há algum tempo (se é que isso é possível), mas ainda assim você continua sendo um pecador.

b.    Segundo fato: Pecado é pecado independente do “tamanho”, independente de ser “grave” ou “leve”. Em certo sentido, talvez diante dos homens e em relação aos homens, há pecados “mais graves” e “menos graves”. Quem pode negar, por exemplo, citando algo dito por Jesus, que diante dos homens um ato consumado de adultério seja menos grave que o adultério enclausurado nas profundezas da mente humana? Entretanto, diante de Deus, Jesus nos dá assim a entender, ambos são gravíssimos. Isso é algo deveras importante e de que às vezes temos nos esquecido. Pecado é pecado e sempre será exclusivamente pecado. Por nos esquecermos disso temos nos tornados grandes praticantes de pecados. Por tratarmos com menor importância alguns atos pecaminosos, como uma “mentirinha branca”, por exemplo, temos nos tornado pecadores praticantes sem percepção de que por esses pecados precisamos nos ajoelhar diante de Deus com arrependimento e súplica por perdão. E por assim agirmos e assim estarmos nos tornando, tem havido no seio da igreja uma carência de servos de Deus santificados. Você sabe o que significa ser santificado?...

c.    Terceiro fato: As consequências do pecado foram e são desastrosas.

                                  i.    Consequências do pecado para o pecador não regenerado: Perdição eterna. Veja alguns textos que descrevem essa perdição:

1.    O próprio texto que lemos fala de “fogo eterno”.

2.    Em Marcos 9 o lugar de perdição é retratado como um lugar onde “o seu bicho não morre e o fogo nunca se apaga”.

3.    Em Apocalipse o lugar é retratado como sendo um lago que arde com fogo e enxofre.

4.    Mateus 25 fala do local como sendo um lugar onde há tormento eterno.

                                ii.    Consequência para o nosso Redentor: Foi o nosso pecado, o meu e o seu, que levou Jesus à Cruz – Veja Isaías 53. Foi o pecado em mim e você que levou o Eterno Filho de Deus a suar gotas de sangue no Getsêmani; foi o pecado em mim e você que levou Jesus a suportar toda a agonia e todo o sofrimento a que ele foi sujeito, sofrimento esse que ultrapassou em muito a barreira do sofrimento físico – por que será que, na cruz, Jesus ora ao Pai dizendo: “Eloí, Eloí, lama sabactani: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste”? Voce e eu possuímos uma natureza tão maligna que tudo isso se fez necessário. Isso é o pecado! Tão grave assim é a poluição do pecado que existe em nós.

04. Não devemos ser ignorantes quanto à gravidade do pecado!

05. Devemos procurar detestar, odiar o pecado com toda a força do nosso ser. Ao pecador devemos amar como Cristo nos amou, mas ao pecado temos que detestar, especialmente ao nosso pecado pessoal. Precisamos chorar, lamentar por causa do pecado – Bem aventurados os que choram – e precisamos ter fome e sede de Justiça conforme já ficou bem entendido sobre o que vem a ser essa justiça.

06. “... se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.”

 

II. A importância da alma e de seu destino eterno.

 

“... corta e atira para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.” (Mateus 5:30 RC)

 

01.  Quantas vezes Jesus disse isso? – Duas – Duas vezes a fim de dar mais ênfase ao que ele estava querendo ensinar.

02. Obviamente, sabemos, essa palavra de Jesus visa não que decepemos literalmente parte de nosso corpo, e sim ensinar não só a gravidade do pecado como também a importância de nossa alma e seu destino eterno.

03. Dentre as obras que restaram e estão por aí, da Biblioteca Alice Reno (Biblioteca da Igreja Batista em Muqui), há um livrinho escrito por William Carey Taylor intitulado “Os Mandamentos de Jesus”. Nesse livrinho o autor faz uma classificação de tudo aquilo que ele considerou como sendo “ordenado” por Jesus. Essa “ordem” que encontramos aqui em Mateus foi colocada na classificação que ele denomina de “Mandamentos Hiperbólicos”, isto é, mandamentos que não devem ser tomados “ao pé da letra”, mandamentos que não são para serem cumpridos porque o objetivo de Jesus não é que os cumpramos e sim que tenhamos a nossa atenção voltada para algo que ele objetiva nos ensinar e, para isso, lança mão de uma figura de retórica, a hipérbole, que consiste em exagerar para produzir maior impressão no espírito.

04. E a respeito de quê Jesus quer nos chamar a atenção?

05. Mais uma vez afirmo: Jesus quer nos chamar a atenção para a gravidade do pecado e a importância de nossa alma e seu destino eterno.

06. O que Jesus está a nos ensinar é que qualquer coisa neste mundo que nos sirva de armadilha contra o bem estar eterno de nossa alma deve ser renunciada.

07. Em Lucas 14.26 lemos a fortíssima declaração de Jesus: “Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14:26 RC)

a.    Ora, obviamente Jesus não está ensinando que para sermos seus discípulos devemos odiar e abandonar nossos familiares e nem deixá-los de lado de forma inconsequente. Familiares e a própria vida.

b.    Se não, então o que devemos entender dessa passagem?

c.    Trata-se de uma linguagem de contraste e significa que ser discípulo de Jesus, e, consequentemente, o bem estar eterno de nossa alma é mais importante ATÉ MESMO do que familiares e a própria vida. Deixar familiares de forma inconsequente se eles não nos impedem a caminhada com Deus? NÃO!!! Mas se eles quiserem impedir e não aceitarem “levar a vida” conosco caso não voltemos atrás em nossa fé...

d.    Agora, se é assim no que respeita a essas “coisas” que nos são tão caras, o que dizer de outras menos importantes?

08. Jesus está nos mostrando da forma mais clara possível que a importância da alma e do seu destino é tal que TUDO o mais deve ser subserviente a isso; TUDO o mais dever ser secundário em relação a isso.

09. Meu querido irmão, membro desta abençoada igreja, a Igreja Batista em Muqui, você já conseguiu perceber que a coisa mais importante que você tem a fazer neste mundo é se preparar para a eternidade?

10. Não estou com isso querendo diminuir a importância da vida neste mundo e nem das coisas boas que você faz; mas, enquanto você vai vivendo esta vida e fazendo aquilo que lhe cumpre fazer, você deve viver e fazer como quem está se preparando para a eternidade e para a glória que o espera. E, portanto, deve evitar aquelas coisas que são prejudiciais à sua alma. “Corta e atira para longe de ti”, disse Jesus.

11. Diante disso lhe pergunto: O que em sua vida está precisando ser “cortado e lançado para longe de ti”?

12. E talvez eu até deva perguntar se você não está lançando para longe ti coisas que não deveria lançar enquanto traz para perto de ti, para o contexto de sua vida, aquilo que deveria lançar para bem longe...

a.    Paulo, escrevendo aos Colossenses, nos exorta a que busquemos as coisas que são de cima e pensemos nas coisas que são de cima e não nas que são de terra... Creio que entendemos muito bem o que ele quer dizer; creio que entendemos bem que devemos dar prioridade às coisas celestiais. Mas não é que muitas vezes fazemos o contrário?

                                  i.    “Éééé”, pastor? Sim, “éééééé”! Quando, de forma costumeira, não esporádica, deixamos de lado a igreja, a leitura da Bíblia, a oração e outras coisas mais, concernentes ao reino de Deus, e vamos ver TV, navegar na internet, sair com os amigos, jogar futebol ou outra coisa qualquer desse naipe, não estamos exatamente fazendo uma inversão de prioridades?

b.    No mesmo capítulo de Colossenses somos orientados a nos despirmos do velho homem com seus feitos e nos vestirmos do novo. Não fazemos o contrário às vezes?

                                  i.    Veja lá nesse texto, e veja também em outros textos, de forma meticulosa para não deixar “passar batido” coisas “menores”; veja lá quais são os feitos do “velho homem”, da “velha criatura” e quais são os feitos do “novo homem” e com sinceridade me responda se muitas vezes não fazemos o contrário do que deveríamos fazer.

13. Meu querido irmão, que importância tem para você a sua vida com Deus? Que importância tem para você a sua alma? Para Jesus essas coisas tem importância extrema ao ponto de ele se expressar de forma hiperbólica dizendo que se alguma parte de seu corpo lhe traz prejuízo nessa área é melhor cortar essa parte do corpo e lançá-la para bem longe de ti, porque é melhor ter um corpo defeituoso do que ser ele todo lançado no inferno.

14. Deu pra entender, meu caro irmão em Cristo? Então não fique por aí “cambaleando” na vida cristã; assuma-a de forma radical, trazendo sempre à memória que o pecado, seja Ele qual for, por ser cometido contra um Deus eterno e eternamente Santo, é grave; e também traga sempre à mente que o bem estar eterno de sua alma é mais importante que tudo, até mesmo mais importante que a sua própria vida.

 

III. A importância da mortificação do pecado.

 

01. Paulo, escrevendo aos Colossenses, no mesmo capítulo 3 já citado, orienta os crentes a “mortificarem” ou “fazerem morrer” a natureza terrena.

02. O mesmo ele diz escrevendo aos Romanos, em 8.13. Veja: “porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.” (RC)

03. Ora, isso é muito correto em face da gravidade do pecado e a importância da alma, conforme aprendemos com Jesus e conforme podemos aprender em o Novo Testamento como um todo.

04. Um dos significados de mortificar é “privar de poder, destruir a força de...”.

05. As palavras severas de Jesus nos levam então a pensar, com respeito ao pecado, que é importante “privá-lo de poder” ou “destruir a sua força” sobre nós.

06. Como? O que podemos fazer de nossa parte para que o pecado deixe de ter esse poder sobre nós.

07. Apenas algumas sugestões práticas:

a.    Nunca devemos “nutrir a carne” – Paulo diz exatamente isso em Romanos 13.14: “... revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências.” (RA)

                                  i.    Isso significa que preciso, o quanto for possível, evitar “alimentar” a minha carne no tocante às suas inclinações pecaminosas (e em alguns casos eu diria que temos que evitar alimentar a inclinação carnal do nosso próximo). Exemplos:

·         O que estou procurando ver/ler na internet, TV, cinema, revistas, livros, na rua...

·         Como estou namorando...

·         Como estou me vestindo... (a forma como eu me visto pode alimentar meu próprio desejo sexual ao me sentir “provocante” e pode alimentar o desejo sexual do meu próximo).

·         Como estou reagindo:

ü  Diante de injustiças sofridas ou provocações – minha carne talvez seja inclinada à ira, ao rancor, à amargura... Mas no momento em que percebo que isso começa a acontecer devo dar um “basta”, “tirar do coração”, “não deixar esses sentimentos se fortalecerem”, “cortar o mal pela raiz”...

ü  Diante de críticas ou mesmo elogios – rancor... orgulho...

                                ii.    Devemos procurar perceber qualquer coisa que esteja alimentando nossas inclinações pecaminosas e “cortar o mal pela raiz”.

b.    Precisamos restringir deliberadamente a carne reagindo radicalmente a cada sugestão e insinuação que pretenda levar-nos na direção do mal. Devemos orar e vigiar.

c.    E precisamos, mais uma vez, perceber o preço imenso que teve de ser pago para que fôssemos libertos do pecado.

d.    E, ainda, precisamos fazer tudo isso com humildade na dependência do Espírito Santo de Deus, porque sem Ele todo o nosso esforço será inútil. Nas palavras de Lloyde-Jones:

 

Se tentarmos mortificar a carne contando apenas com nossas próprias forças, produziremos um falso tipo de santificação, que nem poderia ser denominada santificação. Por outro lado, se percebermos o poder e a verdadeira natureza do pecado, se percebermos o terrível domínio que o pecado exerce sobre o ser humano, bem como seus efeitos poluentes, então notaremos que somos totalmente falidos de espírito, totalmente pobres, e haveremos de pleitear constantemente aquele poder que somente o Espírito de Deus nos pode propiciar. Dotados, portanto, desse poder, seremos capazes de “arrancar o olho” e de “cortar a mão”, mortificando a carne e dessa forma dar solução ao problema. Entrementes, o Senhor continuará operando em nós, e avançaremos até que, finalmente, poderemos vê-Lo face a face, postos de pé diante dEle, no estado de quem é impecável, sem qualquer culpa, nem mancha e nem qualquer motivo de reprimenda.

 

Conclusão

 

01. Nunca nos esqueçamos:

a.    Pecado é coisa “grave”;

b.    Pecado é pecado independente de ser “grande” ou “pequeno” aos olhos de quem quer que seja. Diante de Deus é pecado e precisa de arrependimento e confissão;

c.    Nunca se esqueça da importância da alma e seu destino eterno e de que sua vida neste mundo deve ser encarada como uma preparação para a vida no porvir. Isso é o mais importante e qualquer outra coisa é secundária em relação a isso e se necessário for deve até ser renunciada.

d.    E diante disso vemos a importância da mortificação do pecado, isto é, de destruir a força do pecado em nós, privá-lo de seu poder em nós, combatendo-o e não provendo nossa carne de qualquer coisa que o alimente.

02. Convido-os a encerrarmos o presente estudo lendo juntos novamente Mateus 5.29-30:

 

“Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.” (Mateus 5:29-30 RC)

 

03. Que assim seja!

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

 

Baseado em “A Mortificação do Pecado”

Capítulo XXII de “Estudos no Sermão do Monte”

Martyn Lloyd-Jones – Editora Fiel

 

 Muqui, Março de 2013

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Os dias do Filho do Homem


OS DIAS DO FILHO DO HOMEM

 

01. Inicialmente leiamos Lucas 17.26-37

02. Veja agora este soneto de Mário Barreto França, escrito em Agosto de 1957, em homenagem a Alberto Mazzoni, que sofria no leito da morte:

 


PRONTO PARA A CHAMADA DOS CÉUS

 


Ele estava sofrendo em seu leito de morte

De horrível mal sem cura os golpes mais cruéis;

Mas, resistindo a tudo, extraordinário e forte,

Dava o exemplo melhor de calma no revés...

 

A sua crença em Deus tinha o divino porte

Dos mártires, dos bons, dos santos, dos fiéis

Que acrisolam na dor as ânsias, de tal sorte

Que, à prática do amor, transformam-se em lauréis...

Vendo se aproximar seu derradeiro instante,

Do Infinito, um amigo a cortina descerra

E lhe indaga se estava esperançoso em Deus...

 

Ele responde, então: - “Sim, estou confiante!

Inda posso escutar a chamada da terra;

E estou pronto a atender o chamado dos céus!”


 

03. Esse soneto não fala sobre a vinda de Jesus, mas fala de alguém que estava preparado para o encontro com Cristo, fosse através de seu retorno ou da morte.

04. Agora veja a seguinte história:

 

“Um viajante escreveu em um jornal: Cheguei à vila Areconati, no lado do lago Como, que é a Jóia da Coroa dos Alpes na Itália. Um jardineiro abriu uma porta e me fez atravessar um lindo jardim.

- Há quanto tempo você está aqui? – perguntei-lhe.

- Há vinte e cinco anos.

- Quantas vezes o dono desta vivenda a visita?

- Desde que estou aqui, só quatro vezes.

- Quando foi a última vez?

- Há doze anos.

- Ele lhe escreve?

- Nunca.

- E com quem se entende você?

- Com o encarregado em Milão.

- E ele vem sempre aqui?

- Não; eu estou sempre só aqui.

- E você traz esse jardim tão bem tratado, como se fosse para esperar amanhã o dono da chácara?

- Hoje! – foi a resposta do velho.”


 

05. Voltemos ao texto. Pensemos em algumas coisas para as quais ele nos chama a atenção.

 

I. Entendamos, primeiramente, o significado da expressão “dias do Filho do Homem”.

 

01. Filho do Homem – Um título dado a Jesus, e que ele usava. Esse título estava ligado ao fato de ele ter-se tornado homem, e refletia a sua condição humilde. Também era um título que estava ligado à sua missão como o Messias.A Daniel já fora revelado que o Messias seria “Filho do homem”. Veja:

 

“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino, o único que não será destruído.” (Daniel 7:13-14 RC)

 

02. Dias do Filho do Homem – São os dias que antecedem o seu retorno – veja o versículo 30. Essa expressão está ligada ao retorno de Cristo, não mais em humilhação, mas em glória, para consumar o estabelecimento de seu reinado soberano.

 

II. Em segundo lugar, analisemos o quadro retratado pelo Senhor Jesus sobre como estarão as pessoas vivendo nessa ocasião.

 

01. Assim como foi nos dias de Noé e de Ló, será na vinda do Filho do Homem. Os homens estarão agindo da mesma maneira.

02. O que o quadro retrata é que no dia em que Cristo voltar (e esta volta é iminente – será como “o ladrão de noite”) encontrará muitas pessoas em completo estado de indiferença no que respeita a ele. Estarão completamente absorvidos pelas coisas normais do dia a dia, e “nem aí” pra Jesus, e, tampouco, esperando o seu retorno. 

03. Não é assim que muitos de nós, até mesmo nós que somos membros de igrejas evangélicas, estamos vivendo hoje?

04. Muitas das coisas para as quais estamos voltados são legítimas e não são pecaminosas em si mesmas. O mal está no fato de que as tornamos as mais importantes e negligenciamos as coisas de Deus. Em relação às coisas desta vida estamos completamente “absorvidos”, mas em relação às coisas de Deus estamos “indiferentes”.

05. É exatamente esse o quadro pintado por Jesus.

06. Sejamos, amados, não como as pessoas da época de Noé e de Ló, e, sim, como Noé e Ló, que ouviram Deus e escaparam. A nossa “Arca” é Jesus.

 

III. Em terceiro lugar observemos o aviso solene de Jesus contra uma falsa confissão de segui-lo.

 

01. Ele diz: “lembrai-vos da mulher de Ló”. Você conhece a história da mulher de Ló? Você poder ler essa história em Gênesis 19 – a história da mulher de Ló se resume ao verso 26.

a.    A mulher de Ló avançou bastante em sua confissão de ser crente. Era esposa de um homem “justo”. Por meio de Ló ela estava ligada a Abraão, o pai dos fiéis. Juntamente com o seu esposo ela fugiu de Sodoma no dia em que ele escapou da destruição, por obedecer à ordem divina.

b.    Entretanto, a mulher de Ló não era realmente como seu marido. Ela havia tirado o seu corpo de Sodoma, mas havia deixado lá o seu coração.

c.    Ao olhar para trás, morreu e virou uma estátua de sal.

d.    A mulher de Ló tornou-se um tipo dos indivíduos cujos corações estão voltados apenas para si mesmos, para os seus próprios interesses.

e.    Ela também foi deixada como um sinal de advertência para aqueles que professam ser crentes, mas não o são verdadeiramente. Trata-se de pessoas que se conformam a muitos dos padrões externos do cristianismo, mas os seus corações pertencem a si mesmos e não a Deus.

f.      A Bíblia nos dá a entender que muitos serão encontrados nessa situação.

g.    Essa palavra de Jesus constitui-se em uma advertência para que não descansemos até que tenhamos a genuína graça de Deus em nosso coração e não tenhamos o desejo de olhar para trás, para o mundo.

 

IV. Em quarto e último lugar, observemos que o Senhor Jesus retrata também a terrível separação que haverá quando ele vier.

 

01. Veja os versículos 34-36.

02. O significado aqui é simples e claro: Quando Cristo voltar a humanidade será dividida em dois grupos distintos, o dos salvos e o dos perdidos. Nessa ocasião famílias poderão ser separadas. Se numa família houver pessoas que amaram e serviram a Cristo, mas também houver pessoas que não se importaram com isso, haverá separação nessa família, uns serão levados ao céu e outros “deixados”/lançados no inferno.

03. De maneira bem simples, o critério para o julgamento será: “convertido” (rendeu-se a Jesus como Salvador e Senhor) e “não convertido” (não se rendeu a Cristo como Salvador e Senhor). O julgamento não terá como critério se o fulano era membro da igreja tal ou não, ou se sua mãe ou pai ou algum parente próximo era crente ou não. O julgamento será pessoal e baseado na fé de cada um.

04. Convertidos e não convertidos serão separados para sempre quando o Senhor Jesus retornar.

05. Essa separação é terrível por causa do destino que, nos revela a Bíblia, terão os perdidos. O lugar para onde vão os perdidos é descrito como:

a.    Lugar de tormento – Lucas 16.28;

b.    Fogo eterno – Mateus 25.41;

c.    Lugar de sofrimento “onde não lhes morre o verme e nem o fogo se apaga” – Marc. 9.44;

d.    Lago que arde com fogo e enxofre – Apocalipse 21.8;

e.    Lugar de choro e ranger de dentes – Mateus 8.12;

f.      Lugar onde “a fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite” – Apocalipse 14.11;

g.    E outros semelhantes.

 

Concluindo...

 

01. A razão de a Palavra de Deus tratar desse assunto com a maior clareza, não é fazer terrorismo. O objetivo é levar o homem ao arrependimento, e, consequentemente, escapar desse juízo terrível. Veja o que diz Paulo:

 

“No passado Deus não levou em conta essa ignorância. Mas agora ele manda que todas as pessoas, em todos os lugares, se arrependam dos seus pecados. Pois ele marcou o dia em que vai julgar o mundo com justiça, por meio de um homem que escolheu. E deu prova disso a todos quando ressuscitou esse homem.” (Atos 17:30-31 NTLH)

 

02. Apelo.

 

Muqui – culto no lar – Fevereiro de 2013

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Mensagem desenvolvida a partir de “Meditações No Evangelho de Lucas”, de J. C. Ryle. Outras fontes de consulta: “O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo”, de R. N. Champlim; “Bíblia Online MBE", da SBB; “Um Caminho No Deserto” – Livro de poesias de Mário Barreto França; “Respigando” (xerox de um antigo livro de ilustrações); “Manual de Escatologia” – de J. Dwight Pentecost.

Vigiai


VIGIAI

Walter B. Knight conta que no passado havia, nas vastas campinas norte-americanas, inúmeras manadas de cavalos selvagens. Esses cavalos tinham um apurado olfato e eram capazes de sentir de longe a presença de lobos, ficando em estado de alerta. Esse estado de alerta era a salvação deles, pois, aumentando o perigo, sua imensa capacidade de correr em alta velocidade possibilitava-lhes afastarem-se rápido daqueles carnívoros.

Mas os lobos eram astutos, e tinham um plano de ataque. Eles iam se aproximando devagar, como que por acaso, como se não quisessem nada com os cavalos. Vinham saltitando, brincando, fingindo indiferença, bem devagar.

Os cavalos, então, relaxavam a guarda. Uma vez relaxada a guarda, os lobos atiravam-se impiedosamente sobre a presa indefesa, e o quadro, aparentemente pacífico, de um momento para o outro se transfigurava em uma cena de extermínio e mortandade.

Irmão amado, é assim que satanás age também! Ele não se lança sobre nós abruptamente. Primeiro ele nos distrai, e isso ele faz sem pressa! É uma pequena distração aqui, outra ali, e, quando nós menos esperamos, ele se lança sobre nós, e ele vem para fazer o máximo de estrago que puder. Satanás usa de todos os meios possíveis para atrair a nossa atenção, para que tiremos a nossa atenção daquilo para o que Deus quer que nós estejamos atentos, e assim ele faz grandes estragos.

O que é que tem chamado a sua atenção e feito você se desviar constantemente daquele direcionamento que você deveria dar à sua vida, daquelas atividades que você deveria realizar e que dizem respeito à sua vida espiritual ou até mesmo familiar?

Quais são as suas responsabilidades na sua igreja? Você as tem cumprido satisfatoriamente ou tem se deixado distrair pelo inimigo a ponto de não conseguir mais cumpri-las bem?

Quais são as suas responsabilidades junto ao seu lar? Você as tem cumprido ou tem aceitado as ofertas do inimigo, ofertas essas que lhe tiram a possibilidade de cumprir suas responsabilidades junto ao seu lar?

Algumas coisas não são más em si mesmas, mas elas se tornam más quando usadas por satanás para nos distrair, para nos fazer baixar a guarda. Algumas coisas se tornam más quando não conseguimos mais administrá-las em nossa vida, e, ao contrário, somos administrados por elas. Elas se tornam uma espécie de vício!

Henry M. Stanley, um antigo explorador da África, contou que encontrou, naquele continente, inimigos perigosos, membros de uma tribo chamada Wambutti. Ele disse que esses inimigos possuíam como armas pequenos arcos e flechas e estacas que eles fincavam no chão. Cada ponta das estacas e das flechas era umedecida com uma espécie de veneno altamente mortal. A coisa mais estranha, segundo Stanley, era que esse poderoso veneno era extraído de um certo tipo de mel.

É assim também que satanás produz as suas armas contra o povo de Deus.

Diante da astúcia do inimigo, é bom que estejamos sempre alertas!

“Já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai em oração.” (1 Pedro 4:7 RC)

“Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;” (1 Pedro 5:8 RC)

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Resoluções

RESOLUÇÕES

 

“E ele segue-a logo, como boi que vai ao matadouro; e, como o louco ao castigo das prisões (ou como o cervo que cai no laço, como diz outra versão), até que a flecha lhe atravesse o fígado, como a ave que se apressa para o laço e não sabe que ele está ali contra a sua vida (em muitos casos hoje, contra a sua liberdade)” – (Provérbios 7:22-23)

 

01. Este versículo está em um contexto de advertências contra a mulher adúltera.

02. Mas estas palavras também podem ser aplicadas ao contexto de quem faz a opção por seguir uma vida pecaminosa em sentido geral.

03. O Dr. J. Wilbur Chapman conta a história de...

 

... um ministro que pregava com profético poder, a respeito do pecado. Falava aberta e penetrantemente, referindo-se ao pecado como "uma coisa abominável que Deus odeia". Certo dia, um membro da igreja foi ao escritório do ministro e disse-lhe:

 

— Nós não queremos que o senhor fale assim tão abertamente sobre o pecado, porque se os nossos filhos e filhas ouvirem tanto sobre esse assunto, mais facilmente eles se tornarão pecadores. Chame-o um erro, se lhe parecer bem, mas não fale assim claramente sobre o pecado.

 

O ministro foi a uma prateleira de remédios, trouxe um vidrinho de estriquinina marcado "veneno" e disse:

 

— Veja o que o senhor quer que eu faça; deseja que eu mude o rótulo. Suponhamos que eu tire esse rótulo e coloque outro mais ameno, por exemplo, "essência de hortelã-pimenta"; pode o senhor prever o que aconteceria? Quanto mais brando fizermos o rótulo, tanto mais perigoso faremos o veneno.

 

O pecado, sem importar se “grande” ou “pequeno” é algo extremamente perigoso e faz com aqueles que vivem nele exatamente o que narra o versículo acima. Sorrateiramente, devagarzinho, ele leva a pessoa à desgraça total.

 

04. Laura Traschel nos deixou a seguinte história seguida de uma reflexão:

 

“Numa terra onde os animais selvagens eram comuns, um habitante fez uma pequena abertura na porta de sua cabana, para que sua cadela e os filhotes pudessem achar abrigo rapidamente, quando pressentissem perigo. Certo dia, os filhotes estavam brincando com os ossos de uma antílope, quando a mãe farejou uma hiena. Todos seguiram-na depressa para a cabana, com exceção de um filhote. Este não quis desistir de seu osso e, enquanto a mãe tentava passá-lo pela abertura, a hiena o agarrou.

 

Há muito "osso", ou pecado, que nos mantém longe de Cristo. Pode ser o orgulho, a ambição egoísta, algo errado que podemos mas não queremos consertar, ou ainda, um espírito vingativo. Desprotegidos e apegados ao pecado, somos presos por Satanás e induzidos a nos aprofundarmos no mal.

 

O escritor da epístola aos Hebreus disse: "Desembaracemo-nos de todo peso, e do pecado que tenazmente nos assedia" (12.1). Quando aceitamos Cristo como nosso Salvador, devemos abandonar abandonamos o que é mesquinho, para ganhar o que é precioso.

 

05. Veja o que diz Paulo aos Coríntios sobre a falta de disciplina espiritual, a tolerância de pecados na vida de muitos deles:

 

Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” (1 Coríntios 11:30-32 RC)

 

06. Fraqueza, doença e morte, e, certamente, ainda que Paulo não tenha mencionado, outras coisas mais que fazem parte de um contexto de fraqueza, doença e morte.

07. O pecado pode ser por comissão, mas também por omissão. Tiago, em 4.17, diz que aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.

08. Sendo o pecado terrível, precisamos tomar algumas decisões em nossa vida como crentes para que tenhamos um viver mais íntegro diante de Deus. Algumas decisões de Jonathan Edwards podem nos ser úteis como exemplos. Vejamos algumas em suas próprias palavras:

 

Estando ciente de que sou incapaz de fazer qualquer coisa sem a ajuda de Deus; humildemente Lhe rogo que, através de sua graça, me capacite a cumprir fielmente estas resoluções, enquanto elas estiverem dentro da sua vontade, em nome de Jesus Cristo”

 

RESOLVI que farei tudo aquilo que seja para a maior glória de Deus e para o meu próprio bem, proveito e agrado, durante toda a minha vida.

 

RESOLVI jamais desperdiçar um só momento do meu tempo; pelo contrário, sempre buscarei formas de torná-lo o mais proveitoso possível.

 

RESOLVI jamais fazer alguma coisa que eu não faria, se soubesse que estava vivendo a última hora da minha vida.

 

RESOLVI jamais fazer alguma coisa que, se visse outra pessoa fazendo, achasse motivo justo para repreendê-la.

 

RESOLVI estudar as Escrituras tão firme, constante e freqüentemente, que possa perceber com clareza que estou crescendo continuamente no conhecimento da Palavra.

 

RESOLVI esforçar-me ao máximo para que a cada semana eu cresça na vida espiritual e no exercício da graça, além do nível em que estava na semana anterior.

 

RESOLVI que me perguntarei ao final de cada dia, semana, mês, ano, como e onde eu poderia ter agido melhor.

 

RESOLVI renovar freqüentemente a dedicação da minha vida a Deus que foi feita no meu batismo e que eu refaço solenemente neste dia.

 

RESOLVI, a partir deste momento e até à minha morte, jamais agir como se a minha vida me pertencesse, mas como sendo total e inteiramente de Deus.

 

RESOLVI que agirei da maneira que, suponho, eu mesmo julgarei ter sido a melhor e a mais prudente, quando estiver na vida futura.

 

RESOLVI jamais relaxar ou desistir, de qualquer maneira, na minha luta contra as minhas próprias fraquezas e corrupções, mesmo quando eu não veja sucesso nas minhas tentativas.

 

RESOLVI sempre refletir e me perguntar, depois da adversidade e das aflições, no que fui aperfeiçoado ou melhorado através das dificuldades; que benefícios me vieram através delas e o que poderia ter acontecido comigo, caso tivesse agido de outra maneira.

 

09. E você? Que decisões tem tomado ou vai tomar para a sua vida como servo de Deus?

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves